DIÁRIO DE BORDO
São Luiz do Paraitinga – Ação Social – desabrigados da enchente –– 09/01/2010
“Ninguém é tão rico que não possa receber como ninguém é tão pobre que não possa dar”.
Participantes:
Toyota Band – Joãoponeiz e Lígia
Toy Hilux CD – João Tita, Márcia Colevati e Junior
Participantes do Paulista Off Road liderados por Clayton Prado
Trollers
L200
CJs – Os Marvados de Taubaté
Pajero
Total 14 viaturas.
PARAHYTINGA - De origem indígena: Da língua Tupi-Guarani - "Águas Claras"
Às águas claras foram tingidas de ocre nesta passagem de ano 2009/2010, uma enchente afundou a cidade histórica e toda sua cultura e comunidade nas águas do rio que dá seu nome a ela. Pessoas solidárias de todas as partes se unem para ajudar os irmãos que sofrem neste momento.
Um grupo de jipeiros se reuniu em Taubaté num posto na Rodovia Oswaldo Cruz para seguir em comboio até a cidade afetada pela enchente do Rio Paraitinga em 31/12/2010.
Todas as viaturas abarrotadas de donativos. O Grupo Cabeçudos Off Road levava 400 lts de leite longa vida, 600 lts em produtos de limpeza, vassouras, roupas e alimentos.
Conseguimos sair do posto as 11:30 hs, pois imprevistos fizeram colegas sair tarde de Piracaia e todos ficamos esperando-os para seguirmos juntos, afinal não sabíamos o que íamos encontrar na cidade.
Comboio fechado e em 45 minutos chegamos na entrada da cidade pela estrada de Lagoinha, uma barreira de policiais faz a triagem das viaturas, tanto para nos orientar como para impedir que a boa vontade de alguns atrapalhe o trabalho local na retirada de entulhos e limpeza da cidade.
Clayton Prado e uma comissão foram conversar com policiais para saber como poderíamos ajudar na distribuição de donativos nas regiões distantes ou de difícil acesso. Como tudo na cidade é urgente fica difícil atender todos que querem ajudar, ficamos uma hora nesta fila esperando orientações de uma pessoa que viria nos atender. Pediram que fossemos para outra entrada da cidade e aguardássemos por lá até que Clayton conseguisse dados e orientações de como poderíamos ajudar. Mais uma hora esperando e resolvemos (Tita e Joãoponeiz) que deixaríamos as doações num centro de recepção e voltaríamos pra Sampa, afinal já eram 14:00 horas e ainda não tínhamos entregado nossas doações.
Deixamos o comboio esperando o Clayton e voltamos até a entrada principal da cidade,
Não havia barreira de policiais e fomos seguindo até o ginásio de esportes, parecia estarmos num centro pós guerra, casas vazias, montes de móveis enlameados e entulho por toda parte, muitos policiais militares e do exército, muitos voluntários com máscara, pois há um poeirão com mau cheiro, carros num vai e vêm maluco, caminhões carregando e outros carregados andando pelas ruas estreitas dividindo espaço entre tantos que querem ajudar.
Conseguimos falar com um voluntário que nos indicou a pousada Primavera para receber donativos em alimentos e material de higiene. Seguimos em meio ao caos até lá e fomos gentilmente recepcionados por voluntários para descarregar a hilux com seus 400 lts de leite, cestas básicas e sacolas de alimentos. Informaram-nos que estão recepcionando os alimentos, montando cestas básicas que serão encaminhadas para postos de distribuição à população necessitada. Donativos chegam a todo o momento e os carros fazem fila para descarregar.
Seguimos para a outra entrada da cidade pela estrada de Lagoinha, pois os produtos de limpeza devem ser entregues em outro local. Nesta entrada com barreira policial há um caminhão parado só para receber doações em roupas, tudo deve ser deixado lá para evitar o vai e vem de carros pelas ruas estreitas da cidade o que congestiona o transito e atrapalha os trabalhos de limpeza.
Mais uma fila, e seguimos com Joãoponeiz numa só viatura para colaborar com o transito local. Numa outra barreira fomos orientados onde deixar os produtos de limpeza e no caminho já deixamos alguns litros de produtos a moradores que estão lavando seus cobertores na calçada mesmo. A água foi restabelecida e os trabalhos de limpeza estão a toda vapor.
Chegando neste posto de coleta, o exercito nos recepciona e descarrega a Toy Band enquanto nos oferecem suco, água, frutos e ou biscoitos. Uma tenda para requisição de quentinhas também a postos. Os voluntários estão muito bem atendidos, esperamos que este atendimento também chegue a toda população afetada.
Conversei com Clayton através do cel, ele estava carregando um caminhão do exercito com donativos que seguiria junto com o comboio para região rural onde ajudariam na distribuição.
Alguns moradores nos contam os momentos de desespero de ver suas casar enchendo de água e a tristeza das pessoas que não têm pra onde voltar. Ficamos horrorizados em ver as marcas de até aonde a água chegou. Árvores altas com plásticos grudados em seus galhos, histórias de cães encontrados mortos nos fios de alta tensão, casas totalmente destruídas e outras com marcas de que ficaram inteiras embaixo da água.
Alguns voluntários nos relatam que já esta havendo desperdício por haver doações em excesso, alguns locais estão abarrotados de roupas e calçados. Indagando sobre qual item seria importante neste momento, alegaram que máscaras para proteção dos voluntários na varrição e recolhimento dos entulhos uma vez que a poeira fina pode trazer doenças e também para aliviar o mau cheiro do barro (cheira barro podre).
Sabemos que os problemas serão em longo prazo, afinal a cidade inteira foi afetada, será bom visitá-los daqui um ou dois meses para se ter uma noção do que mais poderemos ajudá-los, pois sabemos que muitas doações vêm agora neste momento e depois são praticamente esquecidos.
Brasileiro é um povo muito solidário, tenho vergonha de nossos políticos, mas muito orgulho pelos nossos cidadãos!
Márcia Colevati